Estou grávida da minha segunda filha e com o coração cheio de amor mas, também, cheio de dúvidas. É inevitável não fazer pensar em fazer comparações, pelo menos para já. Quem tem primeiros filhos que não dormem, tem a leve esperança que, com o segundo, as noites sejam mais calmas. Quem tem filhos que não gostam de comer, pensa que, na segunda volta, a boca se vai abrir mal veja a colher da sopa. Quem teve uma péssima experiência na amamentação, gostaria de viver esta alegria numa próxima gravidez. Quem teve filhos chorões pensa que, para a próxima, será tudo mais pacífico.
Então
e quem tem primeiros filhos onde correu tudo bem? Dou por mim, muitas vezes, a
pensar que, se calhar, me vai calhar o contrário. Tive noites mal dormidas como
todos os pais, dias em que desesperei, vezes que não consegui que comesse a
sopa ou até alguma coisa ao jantar a não ser papa ou leite, sofri com as
cólicas, com uma otite e com os malditos sapinhos associados à estomatite
aftosa por duas vezes mas não me posso queixar. A Carminho é uma santa, digo
isto muitas vezes ao meu marido!
Provavelmente
não terei uma segunda filha que durma uma noite inteira, nem que coma bem, nem
que não estranhe as pessoas, nem que seja simpática e sorridente, nem
desenrascada e muito menos despachada. Se calhar vai ser mais difícil
ensinar-lhe coisas pois não será tão perspicaz. Será mais difícil estabelecer
uma relação também. Mas sabem que mais? Deixei de perder tempo com estas
dúvidas. A minha Mãe tem seis irmãos e, felizmente, consegui observar nos olhos
dos meus avós o amor que sentiam por cada um dos seus filhos, sabendo que cada
um era único e amando cada diferença observada. Tenho a certeza que este bebé
será, em tudo, diferente da irmã. Mas não dizem que o amor se multiplica? Estou
pronta princesa!