Decorria o ano de 2011, e estava eu a finalizar o 1º ano do curso de
Psicoterapia Gestalt, quando fiz um balanço de vida. Algures, ao longo dos
últimos 5 anos, enfrentei uma crise existencial, à procura do sentido da vida,
da minha alegria e motivação para fazer as coisas, para cuidar de mim e dos
outros, numa busca pessoal interior. Em 2011 ocorreram as mudanças concretas
mais evidentes, enquanto pessoa e mulher. Dos pensamentos e das palavras passei
à ação. E senti-me corajosa, determinada e mais em paz por o ter feito! Tive
oportunidade de estar e dar-me conta de um vazio enorme, no qual não me sentia a
viver, e ao estar nele perceber o que emergiu, aceitando e integrando, sem ir
logo buscar algo que o compensasse. Com os devidos recursos internos e ajuda
externa da psicoterapia, e de outras abordagens mais energéticas e espirituais,
comecei a sentir e a retomar novamente a vida. Afinei a minha bússola e
encontrei novas referências, fazendo os ajustes necessários no que já me era
familiar. Comecei a despertar os sentidos. Fui-me permitindo olhar para os
vários aspetos do meu ego, bagagem emocional e aspetos práticos da vida, com
novas “lentes”, entregando e recebendo na medida do que surgia e do que
conseguia. Sempre com uma necessidade e um prazer muito grande em buscar nova
informação e mais conhecimento, de ser cobaia no laboratório da vida e das
relações, onde me desafiei e me fui descobrindo.
Na altura enfrentava uma guerra silenciosa, interna, sem grande exteriorização.
Ganhei consciência de que mesmo no fundo de um buraco ou de um poço, acontece
descobrir as estrelas, e ganhei esperança. Passei por uma separação. Como pais,
senti que tínhamos a capacidade para gerir a situação da melhor forma e que, à
nossa maneira, manteríamos a nossa “família” com amor e carinho em função do
filho que nasceu dessa união, e do que vivemos, com todo o respeito e amizade.
Tudo mudou. Tudo se transformou. O conforto do conhecido deu lugar a um
turbilhão de emoções, medos, expectativas, entusiasmos, culpas, novidades,
descobertas, surpresas…
A minha vida tem-se encarregado de me proporcionar as experiências certas
nos momentos certos, as pessoas certas nas situações certas para evoluir. Já
descolei da pista muito longa que estava a percorrer e finalmente levantei voo.
Vejo a vida a cores e nas suas várias dimensões, com maravilhas e perigos, disposta
a arriscar e a viver o que é! Na mudança e na permanência.