Hoje o meu telefone tocou umas 26 vezes. Já que ele tem tendência para tocar muito, decidi que devia usá-lo como “alarme” de exercício. Cada vez que ele toca, aproveito e faço no mínimo 5 agachamentos antes de atender. Tirando, claro, quando estou a conduzir o que poderia ser levemente arriscado. Por isso demoro mais um bocadinho a atender, os meus glúteos estão oficialmente em estágio para o Natal.
Tudo
isto começou porque dei por mim a pensar que existem imensas coisas que faço em
modo automático. Nos caminhos que faço muitas vezes, nem percebo muito bem como
cheguei ao destino. Nas tarefas diárias… nem reparo quando estou a dobrar a
meia número 56. No supermercado vou só comprar um cachinho de bananas da
Madeira quando magicamente tenho o carrinho cheio. O que se passou no meio? Por
onde andava eu? Onde estava o meu corpo? Ao fazer agachamentos sei onde ele
está, principalmente quando o telefone já tocou uma série de vezes. Estou apenas
focada no meu corpo e na minha respiração.
Para
contrariar esta tendência humana de se estar em todo lado menos onde se está,
decidi começar a olhar para tudo com mais presença. Estar mais aqui e olhar
MESMO para as coisas e as pessoas. Ir com atenção pelos caminhos que já fiz,
vezes sem conta, e prestar atenção aos pormenores. Saborear todas as garfadas
que meto à boca, e não perder uma oportunidade de olhar o meu filho bem nos
olhos quando ele fala comigo.
Curiosamente
em vez de perder tempo, ganho tempo. A vida fica quieta quando reparamos nela.
Os nossos filhos brilham quando se sentem vistos. Tudo ganha mais sabor, mais
cor e mais sentido quando desligamos a ficha e o Wi-Fi.
Sabes,
os nossos filhos são profissionais do “estar cá” porque é o único sítio onde
eles estão. Não a ruminar no passado nem a antecipar um futuro qualquer. Quando
eles estão a espalhar espuma pela casa de banho estão a fazê-lo com uma GRANDE
entrega. Quando estão zangados, vai dos dedos dos pés bem até à pontinha dos
cabelos. E, quando eles mostram o quanto gostam de nós…bem, é como se todas as
luzes se acendessem ao mesmo tempo num ecrã gigantesco em Tóquio; não dá para
ignorar nem para não ficar com um sorriso de desenho animado.
É
esse sorriso que te desejo. Esse olhar “uauuu” sempre presente no teu
filho. Para isso, só tens de imprimir, recortar os quadradinhos da imagem que
está neste post e usá-los a gosto. Aproveita e espalha por aí, o mundo está
mesmo a precisar da nossa presença. E o teu filho está ali, à espera do maior
presente de sempre: TU!
Artigo adaptado do artigo original escrito pela Mãe Catita
para www.uptokids.pt